Nomeado para comandar a Secretaria Nacional de Saneamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Leonardo Picciani foi deputado federal e ministro da gestão de Michel Temer.
Além disso, carrega um sobrenome controverso da política do Rio de Janeiro.
O novo secretário assumiu seu primeiro mandato como deputado federal em 2003 aos 23 anos. Naquele momento, seu pai, Jorge Picciani, acumulava mandatos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e era presidente da Casa.
Formado em direito pela Universidade Candido Mendes (UCAM), Leonardo tem, desde quando parlamentar, participação nos negócios de sua família, na área da produção rural.
Deputado federal por quatro mandatos consecutivos, ele foi também presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada a mais importante da Casa.
Ele era líder do MDB na Câmara quando foi votada a abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
Picciani orientou a bancada do partido pela aprovação do pedido de impedimento — embora ele próprio tenha votado contra.
Mais tarde, foi escolhido ministro do Esporte de Temer, sucessor de Dilma. Enquanto esteve à frente da pasta, foi acusado de pedir propina de marqueteiro que trabalhou em campanhas do MDB.
No final da década, Leonardo Picciani também viu seu pai e seu irmão Felipe Picciani serem presos no âmbito da Operação Lava Jato.
Em 2022, ele compôs a ala do MDB que defendeu o apoio à candidatura de Lula desde o primeiro turno. Sem mandato atualmente, ele comanda o diretório estadual do MDB no Rio.
Leonardo Picciani foi alvo de ações
Em 2003, a Fazenda Agrovás, que constava na relação de bens de Jorge Picciani e das quais Leonardo era sócio, foi alvo de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que flagrou trabalhadores em condições análogas à escravidão.
Mais tarde, porém, Jorge Picciani fez acordo com o Ministério Público do Trabalho e conseguiu extinguir a ação civil pública. Ele se comprometeu a transformar a propriedade em modelo de respeito aos direitos trabalhistas.
Recentemente, os empreendimentos da família voltaram a ser alvo da Justiça. O Ministério Público ajuizou, em 2018, ação civil pública em que acusava a empresa Agrobilara de atos contra a administração pública e improbidade administrativa. Leonardo é sócio da empresa.
A investigação descobriu operações fraudulentas entre o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes de Carvalho e a empresa.
Segundo os promotores, o objetivo de Jonas Lopes era esconder aumento de patrimônio, fruto de dinheiro obtido com propinas, por meio da compra de gado das duas empresas.
Em 2022, o processo foi suspenso por recurso extraordinário com repercussão geral, em decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Herman Benjamin.
Quando ministro de Temer, Leonardo foi acusado em delação do marqueteiro Renato Pereira, que atuou para políticos do MDB do Rio de Janeiro.
O publicitário disse que o emedebista cobrou propina para que sua empresa pudesse participar de contratos de publicidade do governo federal.
Na época, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou a homologação da delação. Somente em 2018 o ministro Ricardo Lewandowski a homologou. Picciani negou as acusações e as chamou de “fantasiosas”.